...Ulisses não brinca em serviço...ele se banha!...
...e pra mostrar que está gostando das criações-de-nós,
joga-se por sobre as bolsas, os retalhos,
esfrega-se, beija-nos a doces rabadas...
...e o Grande engatinhando-sempre- perto,
futricando tudo,
caçando os lugares mais impossíveis pra se enfiar
- gaveta, caixa, armário -
para num pulo-de-gato-traquina alcançar outras alturas,
outras esquinas,
outras esquinas,
telhados sonhados de engatinhar-se...
...um poema para Ulisses,
um amor compartilhado com vocês:
O gato é uma maquininha
que a natureza inventou;
tem pêlo, bigode, unhas
e dentro tem um motor.
Mas um motor diferente
desses que tem nos bonecos
porque o motor do gato
não é um motor elétrico.
É um motor afetivo
que bate em seu coração
por isso faz ron-ron
para mostrar gratidão.
No passado se dizia
que esse ron-ron tão doce
era causa de alegria
pra quem sofria de tosse.
Tudo bobagem, despeito,
calúnias contra o bichinho:
esse ron-ron em seu peito
não é doença – é carinho.
Ferreira Gullar
Poema do livro
“Um Gato Chamado Gatinho”
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